A expressão furiosa de Martin Palermo ao fim do jogo, após uma dividida com Dario Conca, foi a cena mais emblemática de Fluminense 3 x 1 Boca Jrs. Aos 46 minutos do segundo tempo, ao ver seu time totalmente perdido e destroçado, após sofrer uma virada "improvável" [dentro dos "padrões Boca Jrs de qualidade"] em pleno "ex maior do mundo", e sem quaisquer chances de classificação, Palermo perdeu a bola [e a cabeça], caiu, levantou e, do alto de seus quase 1m90, foi em direção ao minúsculo argentino do Fluminense com o dedo em riste e balbuciou palavras que, em qualquer língua , têm o mesmo significado.
Em suma: Palermo iria quebrar a cara amassada do "anão tricolor"; o homem estava enfurecido, sentindo seu sangue siciliano pulsar forte e seus [lindos, por sinal ] olhos verdes explodirem em ódio pelo indiozinho marrento revelado pelo rival River Plate.
E quem é Palermo ?
Martin Palermo é o centroavante do Boca Juniors, um time tri-campeão do mundo e hexacampeão da Libertadores. Não apenas um centroavante, mas também o MAIOR centroavante da história do Boca Juniors, com quase 200 gols marcados [apesar da inabilidade ao bater pênaltis], e tantos outros títulos conquistados ao longo de sua vitoriosa carreira. Portanto, não é dado ao maior centroavante da história deste clube assaz importante no cenário futebolístico mundial o direito de perder a paciência com um metidinho a besta daqueles, ainda mais envergando uma camisa que ele, em suas incontáveis andanças por este mundo de Deus, "nunca vira na vida".
Ora,um jogador do Boca não se abala por nada, seja este "nada" o que for : adversários, tradições, tabus, torcida adversária, latas de cerveja arremessadas ao campo [tática assaz usada no alçapão do Boca, a Bombonera], gritos de apoio ou xingamentos. Um jogador do Boca jamais perde o controle emocional, mesmo quando precisa fazer dois gols em trinta segundos para classificar sua equipe à final da taça Libertadores.
Um jogador do Boca sabe conduzir a partida e, inclusive, joga melhor fora de seu ninho. Um jogador do Boca toca a bola, recua o jogo, inverte, avança com dois homens pelas pontas, faz tabelas na frente da área sem errar, chuta a gol e marca, sem sobressaltos ou "chororô", quase burocraticamente. Um jogador do Boca é sempre frio, confiante e altivo. Um jogador do Boca nunca perde a calma - nem mesmo quando perde uma semifinalzinha besta e medíocre na Libertadores mais fácil de todos os tempos.
Afinal de contas, eles já têm 6 destas taças no armário, e certos torcedores, inclusive, crêem que o Boca deveria, por direito e fato, disputar a "Champions League".
Sendo assim, o fato de que Palermo tenha perdido a calma é mais um indício de que aconteceu algo muito importante na fria noite de 4 de junho de 2008, no Maracanã.
E o Maraca tem sido palco de eventos importantes e, acima de tudo , bizarros.
Se cuida, Fluminense !!
Ainda não acabou.
Rio de Janeiro, 5 de junho de 2008.
domingo, 8 de junho de 2008
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